O GRÊMIO AINDA PROCURA SEU MEIO

O Grêmio entrou em campo com dificuldades visíveis. Desde os primeiros minutos, foi nítido: o time não conseguia sair da defesa. Um meio de campo desorganizado, incapaz de construir o jogo ou oferecer alternativas ofensivas, deixou o time acuado. A defesa adversária, bem postada, teve pouca dificuldade em conter as tentativas gremistas. E o Grêmio, por sua vez, passou boa parte do tempo recuado, apostando em linhas baixas e conseguindo apenas atenuar o ímpeto do ataque rival.

Foi só após o primeiro gol que o Grêmio esboçou alguma melhora. Mas não foi o suficiente para mudar o panorama. No segundo tempo, as trocas feitas pelo técnico revelaram uma estratégia clara: segurar o resultado. A equipe passou a jogar ainda mais atrás, numa tentativa de se proteger — e, por alguns minutos, funcionou.

Veio então o que talvez tenha sido o ponto alto da partida: um contra-ataque executado com precisão cirúrgica, quase um lance de manual. Cristaldo iniciou a jogada, passou para Oliveira, que serviu Aravena — e ele marcou um golaço, com uma cavadinha que merecia o replay em câmera lenta. Técnica e visão, numa rara demonstração de lucidez ofensiva.

Na sequência, o técnico optou por colocar mais um zagueiro. Uma decisão defensável, dado o contexto: proteger o placar. Mas o adversário veio com tudo e, inevitavelmente, o gol saiu. Era previsível.

Apesar do empate, há pontos positivos. A defesa mostrou sinais claros de evolução — mesmo com algumas falhas individuais, como as de Jemerson. É inegável que houve um ganho em organização. Ainda assim, o problema mais grave persiste: o meio de campo. Sem criação, sem volume, sem presença ofensiva. É ali, no coração do time, que o Grêmio precisa intervir com urgência.

Enquanto o setor central continuar desconectado e sem função clara, o time seguirá dependendo de lampejos — e isso, convenhamos, não sustenta uma campanha. O Grêmio precisa encontrar seu meio. Literalmente.

Rafaela Glavam - Educação Física PUCRS

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